terça-feira, 15 de setembro de 2009

Pecado Original #3 - A culpa também é nossa

Este post faz parte de uma sequência, onde temos 2 posts publicados, que estão em:

Pecado Original #1 - Guerra de "eus"


É importante que você leia os outros posts, ainda que longos, para compreender como chegamos neste raciocínio.

Neles vimos que o homem caiu, perdeu a noção de espiritualidade e buscou fugir de Deus. Materializou sua fé, organizou-se com base no poder, construiu um novo mundo - com cidades que encobrem a criação, recusou a liderança divina representada por profetas e pediu uma personificação de liderança e poder, um rei.

Desde então a humanidade não tem se esforçado em nenhum momento da história para ir na contramão dessa história. Inclusive nós.

Nesse contexto todo é que Deus se tornou homem e habitou entre nós. Jesus! Ele veio para nos mostrar o caminho para retornar a essência da criação. O retorno ao plano original. O plano da criação. Para que serve o homem? Para que fomos criados?

Jesus derrubou as colunas de nossos templos e construiu um novo templo em 3 dias. As colunas derrubadas por Jesus: poder, egocentrismo, ganancia, etc. Jesus ensinou que o seu modelo de liderança é que ninguém tem o direito de exercer poder sobre ninguém. Alguém viu algum relato na bíblia onde Jesus exerce poder sobre alguém? Não existe, o que existe são exemplos do próprio Deus lavando os nossos pés, existe exemplos de Jesus dizendo que não devemos nos submeter a hierarquias como os romanos (ver frank viola), existe uma liderança de Jesus e seus discípulos onde eles serviam a multidão que os acompanhava e não os manipulavam quando queriam ir embora.

"Jesus ensinou, que o seu modelo de liderança é que ninguém tem o direito de exercer poder sobre ninguém."
Se fosse para resumir o que Jesus nos trouxe em uma palavra ( além da obvia salvação ), resumiria sua vida e mensagem com a palavra "liberdade".

O que Jesus pregou e viveu vai totalmente contra ao que vivemos em nossas igrejas. A pergunta que todo cristão atual gosta de fazer é "O que Jesus faria?". Lendo o Novo Testamento eu encontro uma resposta um tanto quanto dolorida. Penso que a resposta é: Ele nos afrontaria e nos chamaria de hipócritas. Derrubaria nossas barracas de expo cristã no chão, sairia de nossos templos ameaçado de ser apedrejado, ou contextualizando, sequestrado, torturado, assassinado.

Em alguns artigos que tenho escrito por ai, como o do irmãos.com: "Seguidores do pecado em nome de Deus" as pessoas apesar de compreenderem que temos errado muito, pensam que somos uma continuidade do que Jesus e os apóstolos fizeram. Separam templo judaico de igreja cristã. Em uma das respostas aos comentários eu expliquei porque penso que a culpa também é nossa:

...nós não temos 2 lados da moeda: igreja cristã e templo judaico. São 3 lados: Judaismo, igreja primitiva e igreja cristã.

Como surgiu a igreja primitiva? Ela era apenas uma continuação do que Jesus fez. As pessoas viviam em comunidades, como Jesus fez com os discipulos. Com o tempo, os próprios cristãos começaram a chamar esses ajuntamentos de gente de eclésia, que originalmente quer dizer "abrigo de ovelhas".

A igreja primitiva era apenas o ajuntamento de pessoas que seguiam o legado de Jesus. Este ajuntamento um dia ganhou aquele apelido de eclésia, que transformado ao longo do tempo chegou no nome igreja.

A igreja como conhecemos hoje, começou a tomar forma no século III, quando Constantino reconheceu o cristianismo como religião (pois antes era considerado seita) e posteriormente Teodósio declarou religião oficial de Roma. Isso significa que o cristianismo tornou-se obrigatório. Vc podia ser de qq religião q fosse, mas tinha de ser cristão também. Sabemos bem o que acontece quando algo é imposto. Resultado disso é uma mistura de crenças e culturas, além do que a igreja, que antes era um simples ajuntamento, passou a ser algo ligado ao governo, portanto, institucionalizado.

Antes eram pessoas que se ajuntavam para praticar no seu dia a dia o que Cristo ensinou.

Depois disso foi só perdição... os reformadores tentaram recuperar algo, mas pouco progrediram no seu resgate do que é ser igreja, do que é o ajuntamento.

Nada justifica nossa liturgia, nada justifica nossos rituais, nada justifica nosso modelo cristão, nada justifica o que fazemos aos domingos, nada justifica nossos templos.

Penso que 1 Samuel 8 é não só um relato de como o povo se desviou do que Deus havia planejado para eles, mas é também uma profecia, de como nós cristãos não somos tão melhores que os judeus. Aliás creio sermos piores. A única diferença de nós, hoje, e o povo daquela época são as nomenclaturas.

Eles exigiam um rei para personificar a liderança, nós exigimos um pastor, um padre... ambos substituem a liderança do Espírito Santo. Dizemos crer no Espírito Santo, mas necessitamos de uma figura que personifique a vontade dEle. Reformadores dizem que o sacerdócio é universal, mas nossos líderes continuam desempenhando o papel de sacerdote. A liberdade de dons e ministérios dados pelo Espírito Santo é manipulada pela burocracia e a autorização de nossos líderes.

Por este e tantos outros motivos, convido-o a reler o texto 1 Samuel 8 pensando que o rei é o pastor de sua igreja. Até ao dízimo o texto se refere. Além da escravidão, do serviço requerido pela corte eclesiástica, o texto cita a décima parte que teríamos que dar para sustentar nossa família real.

Sei que muitos pontos eu não expliquei com detalhes, muitos vão achar incoerências, mas porque eu não quero ser demasiadamente cansativo neste artigo, mas se você se despir de sua religiosidade e parar para pensar na questão, perceberá com clareza que estamos no mesmo erro que a humanidade sempre esteve. E que o único suspiro, o único grupo que ousou ir na contramão, viveu no século I e logo foi instinto.

Por isso retrato Deus como único pastor e o único a ser seguido no post O Senhor é meu pastor. Também por esta lógica que a bíblia diz que "O vento sopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito."

Um povo que é como o vento, só pode ser pastoreado pelo próprio vento, pelo sopro de vida, por aquele que é Senhor e Pastor.

Assim você pode compreender o que Jesus dizia em Mateus 23:8-11

Mateus 23

1 Então falou Jesus à multidão, e aos seus discípulos,
2 Dizendo: Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus.
3 Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem;
4 Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los;
5 E fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens; pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas das suas vestes,
6 E amam os primeiros lugares nas ceias e as primeiras cadeiras nas sinagogas,
7 E as saudações nas praças, e o serem chamados pelos homens; Rabi, Rabi.
8
Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi, porque um só é o vosso Mestre, a saber, o Cristo, e todos vós sois irmãos.
9
E a ninguém na terra chameis vosso pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está nos céus.
10
Nem vos chameis mestres, porque um só é o vosso Mestre, que é o Cristo.
11
O maior dentre vós será vosso servo.
12 E o que a si mesmo se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado.
13 Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que fechais aos homens o reino dos céus; e nem vós entrais nem deixais entrar aos que estão entrando.

O grande problema que temos agora em mãos é... se ser cristão não é o que estamos fazendo, então o que é? É nesta busca que lhe convido a ingressar. Eu tenho procurado andar por estes caminhas já a algum tempo. Em meus posts deixo algumas pistas do que tenho compreendido, mas uma resposta direta a esta pergunta, procurarei dar em outras publicações. Por aqui encerro esta, pois, creio eu que cheguei no objetivo do tema abordado.

Graça e Paz

PS: perdoem me por erros gramaticais, incoerências. Escrevi o artigo meio com pressa, no trabalho, depois vou refinando e editando ele aqui mesmo.

Um comentário:

  1. puxa, é verdade Melão!!!! Mas eu li o irmão, como o companheiro, aquele que partilha as dificuldades dos outros! Que é biblico, não aquela coisa falada na igreja pelo presbítero,rs..

    abs,

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