sexta-feira, 15 de maio de 2009

Pecado Original #2 - Declínio da humanidade

Não obtive nenhum feedback do outro post, nem sei se estão acompanhando, mas vamos lá... hehe desistir nunca. Não sou brahmeiro mas sou guerreiro :-D

Para quem ainda não leu a primeira parte clique aqui

"O que o homem fez durante toda sua história após a queda, é o que Adão e Eva fizeram após pecarem, tentamos fugir e nos esconder de Deus."
Cada tema dos que estou me propondo a abordar nesta sequência de posts, renderiam pelo menos 1 livro cada. Estou tentando enxugar os posts para ser mais rápido de se ler, motivar os que procuram acompanhar o blog, mas é difícil quando se trata de temas tão importantes. Então peço que tenham paciência com meu longo discurso.

Neste post venho debater sobre o declínio da humanidade, ou seja, o processo de fuga do homem, tentando esconder-se de Deus. Porque chamo isso de fuga? Simples... porque de Deus não se distancia, visto que nEle vivemos, nos movem
os e existimos. O que o homem fez durante toda sua história após a queda, é o que Adão e Eva fizeram após pecarem, tentamos fugir e nos esconder de Deus.

A mesma atitude se perpetuou, e o pensamento de que estamos distantes de Deus cravou-se em nossa mente. Portanto, deixamos de perceber Deus e de experimentar Deus no nosso dia-a-dia. O que nos faz dizer erroneamente que Deus se distancia do pecador ou que o pecador se distancia de Deus.

O declínio da humanidade começa em Adão e Eva, mas é impulsionada por Caim. É interessante como Deus se relaciona com o homem, fazendo-o pensar em suas atitudes quando peca. A pergunta para Adão foi: "Onde está você?", enquanto a pergunta para Caim foi: "Onde está seu irmão?".

Caim foi o primeiro assassino, o primeiro a experimentar o ato físico de odiar. Resultado de sua conversa com Deus foi sua fuga e tentativa de esconder-se de Deus. A bíblia diz que ele edificou uma cidade, bem longe dali. (Genesis 4)

Hoje, quem mora em grandes centros urbanos, sabe muito bem o que é esconder-se de Deus. São Paulo por exemplo é uma cidade onde o anonimato prevalece, onde a natureza não é vista, onde perde-se a noção de que existe um Deus criador, pois aqui a única coisa que Deus criou foi seres-humanos. De resto, tudo está encoberto.

A criação das cidades é exatamente isto, a tentativa de encobrir Deus e de criar um mundo segundo os anceios humanos. Você pode achar louca esta idéia e pensar: "O que o Carlos queria então? Que fosse tudo mato?". A bíblia responde a você que pode estar questionando esta idéia, quando diz que Deus criou um jardim. O sonho de Deus era que vivessemos e nos organizassemos no modelo do jardim, onde tecnologia e natureza convivem, onde o homem cria para facilitar sua vida, mas respeita o que já foi criado para proporcionar a vida.

Sem me extender muito no assunto, o declínio segue com o dilúvio, onde já existiam centros urbanos e a percepção de Deus já estava completamente abalada. As pessoas zombavam de Noé pois ele dizia falar com Deus. Em Babel o homem está num verdadeiro fundo do poço, pura ego, onde entende-se que sua capacidade criativa e tencológica podem superar a Deus, construindo uma torre que alcançaria os céus, superando toda e qualquer divindade que pudesse existir.

O que tudo indica é que se passara muito tempo até chegar neste ponto da história humana. Porém os registros são escassos, mas por termos cidades construídas, é possível que a própria história de Caim já seja algo muito além da era do Éden. Enfim... sigamos com o raciocínio. O que importa até aqui é que a humanidade chegou em extremos em seu pecado.

Deus então resolve escolher um povo e separá-lo, para dele trazer ao mundo o seu filho, o cordeiro imaculado. O pai deste p
ovo era um idólatra, carregava estatuetas consigo inclusive, seu nome era Abrão. Abrão foi um homem moldado por Deus e separado de fato, seu povo sofreria o mesmo processo. Com Moisés temos ainda um povo envolvido em idolatria, fato recorrente entre os hebreus. Era uma história de idas e vindas, ora o povo se arrependia e clamava a Deus, ora não, isso quando o povo não se arrependia mas seus representantes clamavam pro misericórdia.

Do período que compreende a queda, até a vinda de Cristo, penso que temos um agravamento do pecado, enraizado na humanidade. Mas ao mesmo tempo temos Deus dando sinais de seu cuidado e de que Ele estava mantendo a humanidade existindo apesar de seu pecado. Sempre com uma tentativa de resgate. Resgate de relacionamento entre homem e Deus. Religião significa exatamente isto, religar, reestabelecer um relacionamento com o Deus verdadeiro.

Neste contexto temos alguns pontos importantes que impedem a humanidade de ter uma aproximação rápida de Deus. 

"...toda a criação é sagrada por ser uma realização do próprio Deus, mas, após a queda, o homem passa a atribuir o sagrado a objetos feitos por si mesmo..."
Os 2 pontos levantados no post anterior: prepotencia humana em querer dizer o que é certo e errado e a necessidade de se ter objetos e acontecimentos palpáveis para definir o sagrado. O homem passa então a ver o sagrado como místico e não mais como algo que o rodeia. Em termos filosóficos toda a criação é sagrada por ser uma realização do próprio Deus, mas, após a queda, o homem passa a atribuir o sagrado a objetos feitos por si mesmo como: estátuas, lugares, templos, pessoas, cargos, lenços, calices, etc.

Outro ponto importante que vejo como impedimento da humanidade ter uma aproximação rápida de Deus é o conceito de fuga e "esconde-esconde" com Deus comentado neste mesmo texto.

Nas linhas desta história, existe um acontecimento que julgo de extrema importância para compreendermos nosso contexto atual de igreja. Este acontecimento está em 1 Samuel 8.

Peço a gentileza de que você leia este texto, clicando no link  1 Samuel 8, antes de prosseguir com a leitura do meu post.

O povo hebreu, até então, era o único povo, segundo o nosso conhecimento, permanecia numa teocracia que adorava ao Deus que se revelara como "Eu Sou". O restante também tinham teocracias e sociedades patriarcais com deuses próprios, mas não servos do "Eu Sou". Sabe-se que os maias tinham o conhecimento de um Deus único e criador de todas as coisas, mas este conhecimento era restrito aos líderes, praticando o monoteismo como uma religião de elite.

A teocracia é muito mal compreendida no consenso geral. Principalmente porque é a visão da maioria dos historiadores, portanto o que aprendemos nas escolas. A visão comum é que a teocracia é uma maneira de manipular o povo, o que de fato foi em muitos contextos. Cria-se uma divindade, diz-se o que a divindade exige de seu povo, com isso você controla costumes, conceitos, etc e abusa-se dos fiéis.

Os hebreus estavam num contexto que acredito ser a teocracia saudavel (pelo menos num período pré-messias), onde Deus falava por meio de profetas. Contexto que pode ser muito questionado e que corre riscos sérios de manipulação, como de fato tivemos alguns casos, mas que vemos Deus agindo e zelando pela justiça dos líderes que tentaram de alguma forma tirar proveito disso.

O fato é que o povo exige um rei, um líder, uma "encarnação do poder". Exige que se torne visível o que é invisível. O povo expressa sua carência por materializar a sua liderança, atribui o sagrado a uma pessoa, tida como pessoa ideal. Não apenas um representante da nação, mas também alguém que terá o poder de decidir pela nação.

Esta atitude machuca a Samuel, mas ai temos a grande prova de que o profeta não utilizava-se da teocracia para a manipulação do povo, que é o "passar o bastão" que Samuel tem de praticar. Deus dá razão para a tristeza de Samuel, diz que na verdade estavam rejeitando a Deus, mas que ele deveria fazer a vontade do povo, e que teriam consequências desta decisão.

Até este ponto, creio que é possível enxergar o retrato do declínio da humanidade e a tentativa de fuga que o homem pratica até os dias de hoje.

Espero que Deus tenha lhes dado paciência com o texto longo e que eu tenha escrito de modo a provoca-los a saber mais e prosseguir na leitura.

Em Cristo
Carlos Zillner


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