domingo, 21 de novembro de 2010

A culpa

O ser humano convive com um dos mais belos ao mesmo tempo que um dos mais horrosos sentimentos. Uma sentimento que se faz antítese. A CULPA!
Todo ser humano sente culpa. Seja ela de nunca ter estudado o suficiente para fazer uma boa faculdade e ser um grandioso profissional, seja de ter escolhido viajar para uma determinada cidade, e ter permanecido no trânsito por pelo menos 8 horas de um feriado de quarta-feira. Culpas morais como nunca ter abraçado seu filho que agora se casou e está muito longe, de ter infringido uma regra.
Nós rejeitamos a culpa, nós a ODIAMOS.
Porém sem ela, seríamos monstros.
Pela culpa Judas Iscariotes se enforcou, lembrando-se de Jesus. Pela falta de culpa, Adolf Hitler e a Alemanha sacrificaram milhares de judeus em câmaras de gás, milhões de soldados em uma Guerra Sangrenta e bilhões de bons relacionamentos que poderiam ter existido se houvesse a paz.
Sem a culpa somos monstros, pois não entenderíamos os limites de nossas atitudes e infringiriamos regras básicas e direitos pessoais.
Sem a culpa não pediriamos perdão, não nos reconheceriamos como errantes e errados morais e sociais. Sem a culpa somos nada mais nada menos que um bando de animais que se mutilam e se destroem pelo prazer de suas vontades e egoísmos.
Ainda assim, sem a culpa, não nos preocupariamos com os pobres, desvalidos e miseráveis da nossa sociedade. Continuariamos pisando e cuspindo nas escórias da sociedade capitalista-consumista, pois sem a culpa, não lembrariamos que nós os formamos.
Que a nossa culpa, floresça. Que reconheçamos que somos culpados.
Porque sem ela, não somos humanos, mas sim MONSTROS ANIMALESCOS.
Obrigado Deus pela CULPA!

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Transformação

Como uso muito este blog para anotações, quero registrar algo que li do Danilo num comentário no irmaos.com

"O grande problema, é que nós queremos mudar a forma de agir (isso é correto), mas não mudamos o modo de enxergar Deus."

Você tem a idéia da profundidade desta frase?

Que fique aqui registrado enquanto Deus trabalha mais isso dentro de mim, para eu postar mais um artigo gigante. Objetividade neste blog é dom do Danilo. kkkkkk

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O Apocalipse!

Quando falamos de Apocalipse, pensamos obviamente no fim do mundo. Porém gostaria de propor uma nova visão, como o verdadeiro começo.
O pensamento evangélico propõe que no final de tudo, Jesus voltará, o mundo se destruirá, os salvos estarão no céu e os não-salvos no inferno. Sinceramente, este pensamento é muito simplista. Se todo o evangelho não é simplista, porque seu final deveria ser?
O teólogo alemão Jurgen Moltmann propõe que a concretização da 2ª vinda de Jesus, deve ser associada muito mais ao seu caráter de Esperança, do que de Destruição do mundo.
E sinceramente, de onde surgiu esse pensamento nefasto de um mundo que se rompe em trevas, definha e cai na aniquilação?
A grande enfâse do Apocalipse não é e não pode ser a destruição de um planeta ou a separação de maus e bons. A maior enfâse é na NOVA JERUSALÉM, na realização da UTOPIA da Morada Celestial. O lugar onde não haverá dor, morte, choro ou guerra.
O túmulo concreto da Amargura, a prisão da Tristeza, a falência da Maldade.
Deve ser essa a enfâse do Apocalipse, e este deve ser o combustível de nossa Evangelização e de nossa vida(uma vez que evangelizo com a vida e não com palavras).
Devemos portanto amar o futuro utópico do céu, e odiar a destruição que pregamos como cristãos.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Fariseu não é aquele que discorda de você


Tenho estudado o comportamento e o fenômeno de como as comunidades se organizam eclesiasticamente por pelo menos 8 anos. Durante muito tempo freqüentei várias igrejas diferentes, vi coisas que até Deus duvida e outras que muitos cristãos também duvidariam.

Uma das práticas que considero superficial, mas que pode causar um grande estrago, é o "farisaísmo" e o julgamento daqueles que não enxergam a Cristo como você. Ao longo de quase 20 séculos as igrejas locais têm um pensamento que deve ser extinto para um crescimento espiritual significativo do corpo. Este pensamento atualmente é definido por duas palavras: heresia e fariseu.

Heresia na teoria é tudo aquilo que contraria uma doutrina, um credo, um pensamento religioso. Na prática chamamos de heresia tudo aquilo que é contrário ao que está em nossa cabeça. Veja bem, o que muda é o referencial. O grande problema é que partimos do pressuposto que por seguirmos a Cristo, nós vivemos na verdade mais verdadeira que existe. Se eu vivo na verdade, e meu irmão vive de maneira diferente, logo ele é o herege. Critério pouco "cristão", mas que domina nossos templos.

O mesmo ocorre com o farisaísmo. Quando você não está disposto a desfazer-se de sua religiosidade, você está sendo como os fariseus. Porém o que ocorre nestas situações é que a pessoa, não disposta a curar-se de sua religiosidade extrema, acusa os outros de serem fariseus por pensarem de forma diferente.

Talvez este quadro seja caricato e você que está lendo pense que este texto vale para os outros. Mas se você começar a prestar atenção nos pequenos detalhes do seu dia a dia, perceberá que todos nós temos este tipo de atitude em algum grau.

Agir de forma diferente, implica em ter a mente aberta e ouvir opiniões diferentes de forma amável e amigável. Respeitar, mesmo os que crêem em teorias absurdas, pois, se alguém crê em algo absurdo é por algum motivo que impactou esta pessoa, e abrir-lhe os olhos, não será através da força, muito menos fazendo chacota de suas crenças ou julgando.

Se compararmos os fariseus com os cristãos de hoje, será que encontraremos grandes diferenças? Que tipo de atitudes transformaram a palavra "fariseu" em um adjetivo?

O fariseu é aquele que coloca sua religião acima das pessoas. Quantos de vocês que acompanham este artigo, deixariam de ir na igreja porque um irmão está precisando de ajuda? Mesmo que você seja o responsável pelo louvor? Ou até pela mensagem? Lembre-se que o pastor da parábola, deixou as 99 ovelhas para buscar a que estava em apuros. Uma tarefa que eu tenho tido muita dificuldade durante toda minha vida, é encontrar algum pastor como o da parábola (Lc 15). Penso que os que foram intitulados "pastor", dificilmente iriam aos domingos nas igrejas, se realmente pastoreassem. Seria bom, pois, a pregação estaria nas mãos dos mestres, que têm dom de ensinar, e não dos pastores (que tem o dom de aconselhar, acompanhar e cuidar).

O fariseu também é aquele que está sempre pronto a acusar. Se julga digno disto, pois pratica todos os ensinamentos de sua religião (Lc 18 9-14). Ele cumpre rigorosamente com suas tarefas ministeriais, ou pelo menos passa esta imagem. Vemos muito deste tipo de farisaísmo nas questões que envolvem disciplina de membros. A igreja de hoje é a igreja dos panos quentes, que muitas vezes deixa questões no ar, sem resolução. Mas quando algum membro tenta cumprir com o ensinamento de tratarmos de todas as nossas desavenças, a liderança o corta pela raiz e o sataniza. O politicamente correto do senso comum evangélico, que é o pensamento: "não crie polêmicas, fique quieto e finja que está tudo bem" - mesmo que contrarie a doutrina cristã, se tornou algo que almejamos. Pensamos que esta postura, significa ser pacificador.

Outra conseqüência direta das práticas farisaicas é a satanização de todas as igrejas locais que não sejam a sua própria. Alguns protestantes podem identificar isso com mais intensidade no neopentecostalismo, pois, digamos que em muitas igrejas neopentecostais esta característica é menos mascarada. Por exemplo: "se você não fala em línguas, não é salvo". Alguns grupos como o G12 exageram mais ainda: se você não participou dos rituais de regressão do G12, você não é salvo. Mas isto não é característica só do neopentecostalismo. A satanização deste tipo de pensamento, é a contrapartida, e iguala o protestante ao neopentecostal. Apesar de pensamentos como este serem claramente errados, devemos respeitar o pensante. Odeie o pecado, ame o pecador.

Esta última característica provoca atitudes consideradas corretas, mas que na verdade são dignas de um fariseu. Por exemplo, com toda boa intenção do mundo, você recebe um convite para ir a uma igreja ou a alguma programação específica. Mas por detrás deste convite a pessoa tem o pensamento de que a igreja dela é melhor, e que você precisa ver o que acontece lá para conhecer Cristo mais profundamente, ou até, na visão de muitas pessoas, converter-se de verdade. Cuidado! Respeite também o ambiente em que as pessoas vivem sua religiosidade, seja ela qual for. Se você acha que conhece melhor a Cristo, mostre isso em suas atitudes, senão será mero achismo.

Portanto irmãos, tentemos seguir amando o nosso próximo, e deixemos que Deus nos use no nosso dia a dia, sem que o ambiente eclesiástico seja tão ou mais importante do que pessoas.

Graça e Paz
Carlos Zillner

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Ariovaldo Ramos: O que Jesus veio nos mostrar?

O mais legal de ouvir o Ari é que 90% do que ele fala, é o que penso. O que me faz mistificar um pouco a coisa e entender que é o mesmo Espirito que nos fala. Mas é bem mais legal ouvir ele falar do que ler um artigo meu, então segue o video. hahahaha

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Em Cristo somos mais do que perdedores

O mundo evangélico a algum tempo (antes mesmo do neo pentecostalismo aflorar), utiliza a bíblia como caixa de promessas. O Juan Carlos Ortiz no livro "O Discípulo" cita este "evangelho de caixa de promessas", como sendo o "5º evangelho". Que é o evangelho que contém apenas aquilo que queremos ouvir.

Provavelmente a mensagem que tenho a dizer não é nova para muita gente, mas se você se aprofundar na meditação que eu proponho, é provavel que algo novo surja em sua mente e assim intercedo para que aconteça.

Hoje estava ouvindo uma música do Robson Nascimento que diz assim:

"Em Jesus Cristo eu sou
Mais que vencedor.

Em Jesus Cristo eu sou
Mais que vencedor.

Suas bençãos vou tomar"

Não quero aqui criticar o Robson Nascimento, até porque seria julga-lo demais dizendo qual a interpretação que ele mesmo quis dar para esta letra. Quero aqui comentar um espírito que não é divino mas que permeia a religiosidade evangélica a décadas.

A frase "em Cristo sou mais que vencedor" é um bordão a algum tempo. Normalmente é utilizada para dar ânimo, para as pessoas acreditarem na vitória. Os mais tradicionais vão contestar esta idéia e acho muito relevante o que eles têm a dizer, pois, é um argumento extremamente válido. Paulo quando diz esta frase, ele diz antes que: foi apedrejado, passou por naufrágios, caiu de precipícios dentre tantas coisas que lhe aconteceram. Quando o apóstolo/discípulo se da conta de que passou por tudo isto, ele declara que Cristo o fez conseguir passar por todos estes momentos. Num determinado momento em que ele foi apredrejado, algumas interpretações chegam na conclusão, inclusive, de que Paulo foi ressucitado, pois ele havia sido apedrejado até a morte.

Apesar de válida esta explicação, gostaria de me aprofundar um pouco mais no raciocínio. Hoje vejo esta frase sendo dita, como sinônimo de que crente não pode perder nunca. Criamos uma geração de cristãos mimados, como uma criança que joga com seu pai, e o pai sempre perde de propósito só para deixar a criança feliz. Criamos uma teologia que finge que a frustração não existe e que ela é para os fracos, de pouca fé. A interpretação tradicional tenta contestar isto, mas qualquer crente mimado que ouve esta explicação, pensa que estamos falando a mesma coisa, que se Paulo sobrevive a um apedrejamento, eu posso conseguir o emprego tão sonhado.

Penso que Paulo está falando muito mais de perdas do que de vitórias, e muitas vezes perdas que o único aspecto de vitória está na própria convicção do apóstolo. O testemunho de Paulo é que nesta vida não somos vencedores e nem perdedores. Vencendo ou perdendo estamos além disso. Não vivemos numa competição. As pessoas vivem brigando para ver de quem é a culpa e pouco se preocupam em como sermos diferentes daqui pra frente.

A proposta bíblica é que não tenhamos uma vida de competição. O capitalismo impulsionado pelo protestantismo analisado por Max Weber é pura competição. A bíblia diz que estamos além disto. Se você está passando por um momento de dor e sofrimento, você pode parecer um perdedor, mas o simples fato de você compreender que a vida é um dom, e que mesmo pelo sofrimento você deve dar graças a Deus, isto o torna algo além de qualquer medida de sucesso.

Minha avó está com os dias contados, câncer nos ossos a 4 anos. A quimioterapia apenas lhe deu mais tempo, mas é inevitável. Porém, na grande parte destes anos, eu a vi louvando a Deus pela vida. Sempre com um sorriso no rosto e muito ânimo. A psicologia afirma que temos que chorar nossas dores, confirmando os passos de Cristo, que chorou a morte de Lázaro. Temos de ser realistas e chorar nos momentos de dor, minha vó chora, não digo que ela é alienada da realidade em que ela se econtra. Mas do choro para o riso basta um piscar de olhos. Isto é ser mais que vencedor, ainda que ela esteja perdendo para o câncer. Ser mais do que vencedor não é acreditar que você terá um emprego que tanto almeja. É acreditar que ainda que você permaneça desempregado, ainda que sofra e sinta muita dor, Deus é contigo. Quanto ao emprego - não se preocupe, você terá o que comer e o que vestir, como diz em Mateus 6. Quanto a dor do câncer, de glórias a Deus também por sentir dor, como um mártir que queima na fogueira da inquisição dando glórias a Deus, por permitir que também passe dor, mas que seja testemunho de fé em Cristo. Lembre-se de que a dor é o que nos lembra que somos humanos, e a dor também é instrumento para que voltemos nossas atenções a Cristo.

Este princípio se aplica até a exemplos mais simples do dia a dia. A conta de luz chegou marcando R$ 200! Crise familiar! Não paramos, com serenidade, para conversar em como reduzir e que cuidados devemos tomar. Saímos numa caça as bruxas para descobrir quem esqueceu a luz apagada, quem deixa o sofá vendo televisão enquanto toma banho. Ao econtrarmos um bode espiatório, depositamos todos os pecados nas costas do indivíduo e o satanizamos. Ele é o culpado, ele é o perdedor, eu sou vencedor, sou bom, sou filho do Rei e se a conta de luz vier alta denovo vai ficar sem mesada!

Infelizmente muitos de nós pensam assim. Pensam que por acreditarem em Cristo devem ser servidos pela humanidade. Pelo protestantismo foi pregado que todo aquele que crê em Cristo é salvo, a enfase nunca foi naquele que servir a Cristo. O serviço normalmente é apresentado como serviço de Cristo prestado a nós que cremos nele, tanto é este o enfoque, que quem deve aceita-lo somos nós e não Ele nos aceitar.

Um detalhe importante é que a teologia da prosperidade é uma consequência direta da tradição protestante. Hoje o protestante critica, mas não se dá conta de que a teologia da prosperidade é o Frankeinstein que ele mesmo criou. Diz-se que basta crer, que somos filhos de Deus, que somos mais do que vencedores. O neo pentecostalismo é consequência direta e histórica daquele que ouviu o 5º evangelho do protestante, citado pelo J.C.Ortiz, e acreditou ao pé da letra. Sem ler as outras partes, como a parte em que Paulo apresenta os motivos de ser mais que vencedor. Depois que a cabeça está feita, se algum dia o indivíduo ler, ou alguém apresentar o "texto B" de Paulo, o seguidor da teologia da prosperidade não percebe a diferença do que ele crê para o que Paulo diz. O protestante se corroe por dentro diante disto, mas não muda seu discurso. Talvez porque tanto um quanto outro estão perdidos em seus devaneios religiosos, esperando algum dia encontrar o fio da meada da verdade cristã.

Que Deus tenha misericórida de nós.

Graça e Paz
Carlos Zillner