quarta-feira, 18 de março de 2009

O perigo da fé cega

Algumas pessoas me perguntam porque eu não planto igrejas, porque eu não começo a fazer algo organizado da maneira que vejo o evangelho.

A resposta é simples... pois tenho medo de que me entendam errado. Tenho medo de pensarem que sou algum líder ou pastor. Tenho medo de ser o motivo de pessoas perderem o foco. Tenho medo que me tenham como um pequeno deus.

Talvez um dia eu tenha maturidade e perca este medo. Talvez algum dia Deus me permita participar de uma verdadeira comunidade. Mas acho que quando isso acontecer será natural.

A verdade é que apesar de crítico, tenho que tomar muito cuidado para não cair nos mesmos erros que muitos caem por ai. Ariovaldo Ramos diz que a institucionalização das comunidades é inevitável, é assim que o homem sabe se organizar. Não sei se concordo. Pode ser... mas lá no fundo da minha alma, tenho uma esperança de que não precise ser assim. Creio que ser igreja é viver, e viver é simples, não precisamos de votação para ver quem vai levar o lixo pra fora, ou pra ver quem buscará as crianças na escola. Talvez precisemos de votação para algumas coisas, ainda assim não significa institucionalização, um pai pode fazer uma votação para ver quem prefere ir pra praia ou prum parque de diversões.

Não precisamos nos fechar numa comunidade que se julga santa demais para estar na Terra. Não precisamos ter um nome, que não seja o nome daquele que seguimos. Não precisamos ter cargos e hierarquias, apenas fazemos o que conseguimos fazer, praticamos e usamos o que nos foi dado como dádiva. Não precisamos ter ritos impensados, nem de ídolos reverenciados.

Uma comunidade que se fecha, guardando leis e normas tidas como verdade absoluta é sinônimo de desgraça. Creio que Deus nos quer vivendo juntos, mesmo crendo em coisas diferentes. Quando a idéia de uma pessoa se torna lei irrefutável, vidas serão ceifadas. Seja vida física ou espiritual.

Estejamos alertas
Carlos Zillner

Vejam a matéria que me inspirou para este texto: http://tr.im/hwfD

2 comentários:

  1. olá Carlos. Muito legal seu ponto de vista. Estou comecando a acompanhar agora seu blog. posso?
    Quando comecei a ler seu blog, me veio a pergunta: "você não acha que o livro de Atos nos aprensenta a igreja primitiva de alguma forma institucionalizada? fico pensando na ordenação dos diáconos (at.6.1-7), nas várias funçoes eclesiásticas (at.13.1), no sistema litúrgico ensinado por Paulo (1Co. 14.26-40), na ordenação de líderes para o corpo (Tt 1.5).... etc.

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  2. Opa... por favor, é muito bom saber que existem pessoas acompanhando, senão desanima...hehe, além do que é bom debater, isto molda nossa opinião, consequentemente nossa vida.

    Sim... de alguma forma sim. Não sou anti-instituição. Instituição no sentido puro da palavra é apenas uma forma de se organizar em sociedade. Mas nos dias de hoje ela é acompanhada por uma outra palavra: "burocratização".

    Hoje para vc participar de certas comunidades, vc tem que passar por etapas e mais etapas, mostrar q vc é um super-humano, só assim vc terá acesso ao santo dos santos.

    Mas...voltando para atos. Deixo uma ou algumas perguntas para vc pensar. A igreja de Jesus era a mesma dos apóstolos? A institucionalização (maneira de se organizar) teve diferença após o pentecostes?

    Agora uma outra pergunta que eu acho fantástica. A institucionalização está nos atos relatados no novo testamento, ou na nossa maneira de interpretar?

    Por exemplo... a santa ceia, por Jesus era comunhão, nas nossas mãos virou rito.

    O dízimo no antigo testamento era sustento da casa de Deus, no novo testamento, sustento da comunidade, nós transformamos em rito e voltamos para o antigo testamento, sustentando a casa de Deus e não mais o corpo.

    Percebe como nossa carga religiosa deturpa a bíblia?

    Da mesma forma comento os textos que deixou.

    At 6:1-7 - A ordenação de diáconos era para dar suporte a viúvas e necessecitados em meio aos discípulos. Nós transformamos em seguranças do templo.

    At 13-1 - No novo testamento, cada um tinha funções para mantimento da comunidade, visando crescimento espiritual e prática dos ensinamentos de Cristo no dia a dia. Transformamos isto também. Pegamos todas as funções eclesiásticas e dissemos que pagariamos uma pessoa para cumpri-las. Colocamos o nome desta pessoa de pastor, o reverenciamos, e o pedimos para exercer tais funções para mantimento de nossa religiosidade aos domingos. Por desencargo de consciencia pensamos estar agindo como igreja e sendo cristãos pois pagamos alguém para viver em Cristo por nós.

    1Co.26-40 - Paulo não faz um sistema liturgico, ele ensina que apesar da liberdade que temos em Cristo devemos ter medidas para que a manifestação seja de fato Divina. O relato de Paulo é um alerta para temos ordem quando reunidos. Pelos neo-pentecostais, isto não foi transformado, foi ignorado. Pelos protestantes foi transformado em sagrado onde os cultos passam a ter roteiro imutável e nós é que direcionamos (ou tentamos) o Espírito Santo para onde ele deve soprar.

    Tt 1.5 - Sobre este texto é até desanimador comentar. Nós estamos extremamente longe de o fazer. Primeiro porque ordenamos presbíteros que são santos aos domingos. De segunda a sexta o cara bate na mulher, tem filho drogado, tem amante, rouba do caixa da empresa. Isto infelizmente porque não vivemos juntos, não somos comunidade, com excessão dos domingos. Por isto nosso conceito de integridade é baseado na imagem e não no viver. Em tito é pedido que sejam ordenados pessoas para organizar comunidades, transformamos isto em pessoas que tem poder e hierarquiazamos o corpo de Cristo. Sendo que na bíblia vemos apenas uma hierarquia de poder, Cristo é o cabeça, o resto é corpo.

    Vou transformar esta conversa num post... muito legal a questão colocada.

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