sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Dai a Deus o que é de Deus

O que eu chamo de pecado original, é a raiz de todos os pecados. A essência do pecado que ocorreu no Éden, foi que pela primeira vez o homem tomou a frente em sua vida.

Antes, Deus dizia o que era bom, o que era certo e o que era errado. A vontade de Deus era tão suprema, que nem se falava em vontade humana. O pecado de Adão e Eva foi pensar que Deus poderia estar mentindo, que Deus não sabia o que era bom para eles, e então o homem decide tomar as rédeas de sua vida e dizer por si mesmo o que era bom ou não para eles.

É este pensamento que todo pecado carrega em sua essência, e é isto que tornou o mundo amaldiçoado. Em toda sua história a humanidade vive conflitos, pois, queremos definir o que é bom e o que é mau, o que é certo e o que é errado. Entramos em parafuso e nos contradizemos.

Prova disso é a onda politicamente correta que vivemos principalmente no Brasil, mas que é fútil e cercada de segundas intenções. O orgulho gay, por exemplo, defende a homossexualidade, mas é um tanto quanto agressiva com o hétero. O feminismo é outro caso, onde acabam com o machismo, mas impõem um movimento igualmente agressivo e preconceituoso.

Mesmo nós cristãos, compartilhamos desta visão. Difícilmente se encontra um cristão que não abdique de sua verdade, de sua opinião. Geralmente observamos o declínio de uma igreja, quando ela começa a pregar a sua doutrina, como única forma de salvação. Esta soberba é acompanhada de agressividade para com as outras doutrinas.

O fato ocorrido no Éden foi exatamente esta tentativa do homem dizer para Deus o que é certo e o que é errado. A perda da fé em sua essência. O homem deixou de confiar em Deus, pois, duvidou de que morreriam caso comessem o fruto. Diante desta perda de fé, Deus nos afasta da presença dEle, até que tenhamos fé novamente.

Para falar a visão bíblica sobre isto, usarei o texto de Marcos 12:14-17

14 E, chegando eles, disseram-lhe: Mestre, sabemos que és homem de verdade, e de ninguém se te dá, porque não olhas à aparência dos homens, antes com verdade ensinas o caminho de Deus; é lícito dar o tributo a César, ou não? Daremos, ou não daremos?
15 Então ele, conhecendo a sua hipocrisia, disse-lhes: Por que me tentais? Trazei-me uma moeda, para que a veja.
16 E eles lha trouxeram. E disse-lhes: De quem é esta imagem e inscrição? E eles lhe disseram: De César.
17 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. E maravilharam-se dele.

Muita gente cita este texto para exemplificar como Jesus quer que lidemos com o dinheiro. Mas esta é a lição mais sutil deste texto. Vejam que Jesus pergunta algo muito revelador: "De quem é esta imagem e inscrição?". O que define a propriedade e/ou criação das coisas, é a imagem gravada no objeto, a marca. Todo produto tem sua marca. Está gravado a quem pertence, ou quem o fez. A imagem de um denário é a de Cesar. Agora reparem neste texto de Genesis 1:26 e 27


26 E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra.
27 E criou Deus o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. 
Se compro um carro da Honda, ainda que eu seja o proprietário, quem possui responsabilidade sobre aquele produto é a Honda. Caso descubram alguma falha grave, eles farão um recall. Todo e qualquer produto que eu compre, qualquer problema que este produto tiver, a responsabilidade será do fabricante. O que nos faz pensar que a marca define a responsabilidade. A imagem define a quem o objeto realmente pertence.

Nós pertencemos a Deus, a imagem gravada em nós é a dEle. Portanto, quando Jesus diz para darmos a Deus o que é de Deus, Ele não está se referindo ao seu tempo, ao seu domingo, a sua gratidão, ao seu pensamento, ou a penitências, orações, pedidos, louvores, etc. Ele está se referindo a você! Você e sua vida toda, suas decisões, sua vontade...tudo pertence a Deus.

O resgate do pecado original, significa voltarmos à vontade de Deus, a confiança no caráter de Deus e que tudo que Ele disser é para nosso bem. Ainda que para nós pareça mal. Este é o resgate da fé. Do que permite o relacionamento do homem com Deus ser restabelecido, a reconstrução do Éden, a reconstrução do paraíso.

Precisamos reconhecer que não sabemos nada e que Deus é o único capaz de definir o certo e o errado. O parâmetro é Deus e não nós. Independente do que conhecemos de Deus, o parâmetro, não é o que conhecemos, mas sim quem Deus é, e vai muito além do nosso conhecimento.

Parecia mal, por exemplo, que os amigos de Daniel não se ajoelhassem diante da estátua. Era óbvio que seriam mortos, mas a vontade de Deus era má? Não, era boa, e Deus os honrou. Deus foi mal por permitir que os irmãos de José o odiassem e tentassem mata-lo? Não, Deus providenciou que ele fosse vendido para os egipcios, assim nao morreria. Mas é ruim ele ter sido vendido? Não, Deus tinha um plano para tudo isso, assim como para a vida de Jó, e tantos outros personagens bíblicos.

Todas essas histórias nos mostram que onde abundou o pecado, superabundou a graça. Pois quando o diabo tentou o mal contra os servos do Deus vivo, Deus os livrou e mudou a história deles. José reconhece isto no final da história. Perdoa seus irmãos dizendo que apesar de tentarem o mau contra Ele, Deus assim permitiu, pois, tinha um plano muito maior do que tudo isso.

Pois então, entregue sua vida nas mãos de Deus. Pare de se queixar pelos momentos que parecem maus. Em tudo dai graças e ouça a voz de Deus a cada passo. Buscai primeiro o reino de Deus, e as demais coisas vos serão acrescentadas. Entrega o teu caminho ao Senhor, e o mais Ele fará.

Graça e Paz
Carlos Zillner